Wesley Diniz
O que é belo não acaba, torna-se uma beleza ainda mais rara.
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livro de Visitas Contato Links
Textos

As Crônicas do Eu Superior

"Diálogos Celestiais: Enfrentando a Morte e a Saudade".

Uma noite estrelada envolvia minha casa, e eu me vi mais uma vez diante do desafio de encarar a saudade de minha mãe, que havia partido há algum tempo. Era difícil lidar com aquele sentimento de vazio, ela era minha razão de muitas coisas, de muitos propósitos e eu me via precisando encontrar novos em que incluíssem apenas eu. Dentado em minha rede sob o céu repleto de estrelas, como fazia com minha mãe, decidi iniciar um diálogo com meu Eu Superior, em busca de conforto e sabedoria.

 

- "Eu sinto tanto a falta dela, meu Eu Superior. Às vezes, a saudade parece esmagadora e parece que nunca vai ter fim." (Uma voz suave, irradiando paz preencheu minha mente).

- "Compreendo a profundidade de sua saudade, e quero que saiba que está tudo bem sentir isso. A saudade é uma manifestação do amor que compartilharam, e o amor é eterno."

 

Eu olhei para as estrelas acima, procurando por algum sinal de minha mãe, olhei para a cadeira em que ela ficava sentada enquanto conversávamos sobre as coisas do universo, ela tinha tantos questionamentos, pareia uma criança curiosa e me perguntava tantas coisas como se eu tivesse todas as respostas, como se os papéis tivesse invertido e ela confiava em cada resposta que eu dava. Queria saber se ela estava em paz.

 

- "Você acha que ela está bem onde quer que esteja? Será que ela encontrou a paz?" A voz suave respondeu:

- "Sim, sua mãe encontrou a paz, assim como todos nós encontramos quando deixamos esta vida terrena., não existe um mundo de punições como muitos do seu mundo tentam criar. A morte não é o fim, é uma transformação para um estado de existência diferente, onde a alma encontra a serenidade."

 

As palavras do meu Eu Superior trouxeram um alívio temporário à minha alma, mas a dor era latente, como um machucado que lateja constantemente.

 

- "Às vezes, eu me pergunto o que posso fazer para honrar a memória dela, para manter vivo o seu Eu vivo, tenho tanto medo de seguir em frente. Nessa hora meus olhos já não conseguiam mais abrir pois as lágrimas não paravam de cair e a voz me disse:

- "Uma maneira de honrar a memória de sua mãe é lembrar-se do amor, da compaixão e dos ensinamentos que ela compartilhou com você. Pode compartilhar essas lições com os outros, espalhando bondade e amor no mundo. Isso é uma forma de manter vivo o seu legado, fale sobre ela sempre, não tem porque deixar de fazer isso, não há vergonha alguma em mostrar afeto e orgulho de tê-la tido em sua companhia nessa jornada terrena.

 

Uma brisa suave passou por mim, e eu senti como se fosse um abraço celestial, algo único e terno. Sempre senti que algo cuidava de mim.

 

- "Às vezes, ainda é difícil aceitar a morte, mesmo com essas palavras reconfortantes, mesmo que eu saiba que isso não é o fim, mesmo que eu tenha a fé e a convicção disso. Como posso encontrar mais paz?" Por um instante minha mente ficou em silêncio, achei que tivesse perdido a conexão, até que:

- "A paz vem da compreensão de que a morte faz parte do ciclo da vida, e a vida continua de maneira diferente após a morte. A saudade é uma prova do amor eterno que vocês compartilham, e a conexão com sua mãe nunca se perde. Permita-se sentir a saudade, mas também saiba que, no âmago, ela é uma saudade cheia de amor e memórias preciosas."

 

Eu olhei para o céu noturno, contemplando as estrelas que pareciam cintilar com uma nova luz, olhei novamente para aquela cadeira vazia. Nenhuma resposta a traria de volta, a colocaria ali daquele ponto onde nunca deveria ter saído, sim, as vezes a revolta vinha mas eu sabia que não havia algo ou alguém a quem culpar, a vida é o que é, e por tudo aquilo só podia me vir um sentimento de gratidão:

 

- "Obrigado por essas palavras, meu Eu Superior. Elas trouxeram um pouco de paz ao meu coração, não vou mentir que dói, porque ainda está aqui, mas espero que o tempo amenize um pouco."

- "Estou sempre aqui para guiá-lo, meu querido. A saudade pode ser uma estrada difícil, mas você nunca está sozinho em sua jornada. Sua mãe vive em seu coração, e eu estou aqui para lembrá-lo de que o amor transcende as fronteiras da vida e da morte."

 

Com um sentimento de calma e um pouco de aceitação, eu sabia que essa conversa com meu Eu Superior havia me oferecido um novo entendimento da morte, da saudade e do amor eterno. A noite estrelada era testemunha da conexão que permanecia, e eu me senti grato por ter uma bússola espiritual em meu Eu Superior para iluminar o caminho através das sombras da saudade. Enquanto a noite continuava, eu sabia que minha mãe estava presente de alguma forma, olhando por mim a partir das estrelas que cintilavam no céu. A noite continuou a envolver minha casa com sua serenidade, e eu permaneci sob o manto estrelado, sentindo-me mais próximo de minha mãe. As palavras do meu Eu Superior eram como um bálsamo para minha alma, e eu sabia que havia encontrado um refúgio de paz em meio à saudade.

 

- "Eu me sinto tão grato por esta conversa, meu Eu Superior." Falei enquanto as lágrimas ainda caiam e aquela voz em mim continuou a me dizer:

- "O entendimento da morte é uma das maiores jornadas espirituais que alguém pode empreender. Ela nos lembra da beleza efêmera da vida e da importância de cada momento. A saudade nos conecta com a profundidade do amor que compartilhamos com aqueles que partiram."

- "E quanto ao medo da morte, meu Eu Superior? Como posso superar esse medo?"

- "O medo da morte é natural, pois é o desconhecido que nos aguarda. Mas, ao aceitar a morte como parte do ciclo da vida, você pode transformar esse medo em uma apreciação mais profunda pela existência. A vida ganha significado quando reconhecemos sua fugacidade."

 

Aquelas palavras penetraram fundo em meu ser, e eu senti uma sensação de aceitação mais profunda da morte como uma parte inevitável da jornada humana.

 

- "Minha mãe costumava dizer que a morte é apenas o início de uma nova aventura, ela não tinha medo, ela era tão convicta disso. Será que ela estava certa?"

- "Sua mãe tinha uma compreensão sábia da morte. É como atravessar uma porta para o desconhecido, uma jornada espiritual onde a alma continua sua evolução. É uma nova aventura, uma transição para um estado de paz e luz."

 

Enquanto eu contemplava a noite a saudade de minha mãe permanecia, mas agora eu a via com um olhar diferente. Era uma saudade iluminada pela compreensão de que a conexão com aqueles que amamos transcende a barreira da morte, e eu não tenho a mínima ideia de como será os dias que se seguirão, mas vou tentar seguir, tentar enxergar com este novo olhar que se apresenta a mim.

 

- "Obrigado, meu Eu Superior. Suas palavras iluminaram meu coração e minha mente. Eu me sinto mais preparado para enfrentar a saudade e para abraçar a vida, sabendo que a morte é apenas uma parte da jornada." E com seu eco doce e compreensível, me respondeu:

- "Estou sempre aqui para guiá-lo, meu querido Ser. Lembre-se de que a vida e a morte são duas faces da mesma moeda, e cada uma tem sua beleza e significado. Sua mãe vive em você e em seu amor eterno."

 

Com um sentimento de paz interior, eu soube que essa conversa com meu Eu Superior tinha sido uma bênção. A saudade de minha mãe continuaria a ser parte da minha jornada, mas agora eu a abraçava com gratidão por tudo o que ela representava: amor, memórias e uma conexão que persistiria além das fronteiras da vida e da morte. Enquanto a noite se estendia, eu sabia que minha mãe estava olhando por mim, e seu espírito vivia nas estrelas que cintilavam no céu noturno, iluminando meu caminho com amor eterno. Por alguns momentos cheguei até sentir sua presença. Acho que se nos concentrarmos e elevarmos nossa mente com ampla plenitude, podemos nos conectar com aqueles que se foram, pois se eles fazem parte do Todo, ainda fazem parte de tudo isso que nos cerca. Então me levantei, guardei a rede, corri os olhos pelo quintal, e ao passar pelo cantinho em que ela ficava sentada, a vi, breve e cheia de luz, como um flash que transpõe o véu das realidades.

Wesley Diniz
Enviado por Wesley Diniz em 04/09/2023
Alterado em 04/09/2023
Comentários
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livro de Visitas Contato Links