Wesley Diniz
O que é belo não acaba, torna-se uma beleza ainda mais rara.
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AMOR DE BARGANHA
Exitem pessoas que só conseguem amar ou reconhecer afeto pelas coisas que damos a elas como símbolo da prova de amor. E o caminho mais desafiador para conquistar um coração materialista é pavimentado com gestos grandiosos e atenção genuína.
Em um mundo onde o amor muitas vezes é medido pelo tangível, é preciso transcender as barreiras materiais para alcançar a essência emocional. Demonstrar apreço através de atos simples, que vão além dos presentes visíveis, exige uma paciência e compreensão ímpares. O que alguns indivíduos simplesmente não conseguem ter.
Desafiar a mentalidade de quem busca constantemente validação através de presentes é uma caminhada delicada, exigindo uma paciência que busca revelar a beleza nos detalhes mais simples. Ao mostrar que o valor do afeto não está atrelado ao preço do presente, é possível construir uma base sólida de entendimento mútuo. Mas isso depende se você está disposto a "mostrar" a alguém o valor das coisas e muitas vezes no processo, enfraquecemos as percepções sobre nossso amor próprio. Até que ponto vale a pena e até o de devemos ir.
Em uma era onde o amor é reduzido a uma transação, o caminho para conquistar um coração materialista é uma triste jornada na superficialidade. Esses indivíduos perdidos, obcecados por provas tangíveis de afeto, estão cegas para os gestos simples que deveriam compor a verdadeira essência do gostar.
A linguagem do amor para os materialistas é escrita em cifrões e embalada em pacotes brilhantes. Para eles, o valor de uma relação é medido em presentes, em demonstrações públicas de ostentação e afeto, como se a autenticidade dos sentimentos pudesse ser calculada e colocada em uma balança. São insaciáveis na busca por mais, incapazes de enxergar a riqueza dos momentos simples, pois a simplicidade não preenche o vazio criado por sua sede por mais.
Esses corações mesquinhos, sedentos por validação em forma de bens materiais, são incapazes de compreender que o verdadeiro amor não pode ser comprado nem colocado em uma balança de valor. A necessidade constante de mais não é apenas um capricho, mas uma triste demonstração de uma busca incessante por satisfação que nunca chega. Nada que você faz é suficiente, nada agrada plenamente, e por mais que você faça, basta um deslize, para que tudo de bom que fez seja reduzido a nada. A sua "nota" pode cair de dez a zero em frações de segundos.

Dar-lhes presentes e provas de amor, se torna um ciclo vicioso, onde cada oferta é apenas um paliativo temporário para a insaciável ânsia por mais. Eles se tornam prisioneiros da própria ganância, incapazes de perceber que o amor genuíno transcende o brilho superficial dos objetos. E você, por amar, e ter aprendido a normalizar seus gestos e romantizar seus esforços na conquista, passa a acreditar que fazer tudo isso não é nada demais já que está em sua essência o zelo, o cuidado e o agradar quem ama. Você aprendeu a pensar que fazer tudo por alguém não custa nada para ter essa pessoa do lado e na maioria das vezes não consegue ver que essas almas materialistas estão perdidas em um labirinto de sua própria criação, onde o amor verdadeiro se perde na névoa da busca incessante por demonstrações e os gestos simples são negligenciados em favor de uma ilusão de felicidade baseada em posses. E você também se ilude, esperando pelo momento da retribuição que dificilmente vem e quando vem, se contenta com qualquer migalha, já que VOCÊ, se satisfaz com as pequenas coisas.

Infelismente no caminho espinhoso para conquistar um coração materialista, é preciso desbravar a selva de egocentrismo e superficialidade. Enquanto deposita suas expectativas em uma retribuição mesmo que tente se convencer que faz o que faz para o outro se sentir feliz e que não espera nada em troca. Sabe no fundo que isso é uma mentira que contou para si mesmo para não sofrer tanto, pois sim, esperamos reconhecimento e não está sendo menos nobre por isso, já que a reciprocidade é o básico das relações humanas.

Costumo chamar de "amor de barganhas", onde cada gesto é convertido em uma moeda de troca, e a validade de uma relação é medida por quão mais você está disposto a dar a ela.  A cada oferta, eles demandam mais como se fosse um tributo de devoção, sem perceber que estão apenas construindo castelos de ilusões em um terreno instável, enquanto se afundam na voragem do consumismo emocional. No entanto devo refletir que há vários lados nesta questão.  Como eu disse, amor é uma barganha, e também não é vergonhos esperar o mínimo de reconhecimento dos esforços que dedicamos, e é preciso haver um equilíbrio de todas as partes para que essa troca seja justa para todos nela envolvidos. E isso vale para todos os tipos de relações incluindo as familiares e as de amizade. Não romantize um altruísmo tóxico e também reveja até onde vale a pena ir para ter alguém do seu lado.

Por fim, desafiar esses corações materialistas é como lançar uma luz crua sobre a triste realidade que construíram para si mesmos. O amor não se mede em embalagens, mas na capacidade de compartilhar a vida com simplicidade e apreciar o valor intangível das emoções. Que essa crítica sirva como um espelho, refletindo a necessidade urgente de resgatar o verdadeiro significado do amor, além das superficialidades que consomem essas almas sedentas por mais. E te fazer pensar se vale a pena seus esforços por alguém assim. Eu sei que na hora da extrema solidão tudo o que queremos é partilhar com alguém os momentos mas cuidado com o que irá barganhar.
Wesley Diniz
Enviado por Wesley Diniz em 14/12/2023
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